É verdade que o corpo fala?

Você deve já ter ouvido falar no livro “O corpo fala”, do Pierre Weil.  O corpo não só fala, entrega, denuncia, passa informações que não gostaríamos de ter passado.  Isso acontece porque a expressão corporal é inconsciente, não percebemos as caras, bocas, movimentos corporais etc. que fazemos.   Mas os outros percebem, e muitas vezes têm reações negativas às nossas expressões, porque a percepção dele ao que expressamos também é inconsciente. Exemplo: Alguém me fala algo e eu faço uma expressão de desconfiança, se ele me responder agressivamente, eu não entendo e digo, mas eu não falei nada!  Falei, só que falei com o corpo.

As palavras mentem, mas o corpo fala a verdade.  Por que as mães sempre sabem que os filhos estão mentindo? Podemos mudar isso e usar o corpo a nosso favor.  Podemos aprender a usar a “cara de paisagem”.  No passado chamávamos isso de “cara de nada”, depois passamos a chamar “cara de paisagem”, hoje vejo as pessoas falando “cara de egípcia”. A “cara de paisagem” não é ruim, na verdade, é disfarçar o que estou sentindo, quando não devo mostrar, até para coisas positivas.  Vendedores já me  contaram que estavam eufóricos com uma grande venda que fizeram e agiram naturalmente como se vendessem aquela quantidade todo dia.  Na rua, no carro eles extravasaram a alegria de ter batido a meta do mês, em um cliente, num só dia.

Vários profissionais fazem isso com maestria.  Quantas vezes você saiu de um processo seletivo achando que era a pessoa escolhida para a vaga.  Os bons selecionadores são mestres em fazer “cara de paisagem”. Bons profissionais de atendimento também, bons médicos, bons professores. Enfim, todo bom profissional, que sabe que nem sempre pode expressar o que está realmente sentindo, pratica isso bem. E faz isso naturalmente, sem esforço, com empatia.

Pesquisa realizada por Albert Mehrabian, da Universidade da Califórnia, Los Angles (UCLA), na década de 50, concluiu que na comunicação interpessoal, face a face, 55% da mensagem está na expressão corporal, 38% no tom de voz e 9% nas palavras.  Ou seja, o maior impacto da mensagem está na comunicação não verbal.

Pode ser que não sejam exatamente esses percentuais, mas, com certeza, o peso da expressão corporal é muito maior. Acreditamos mais no que as pessoas expressam do que nas palavras que falam.

Paul Ekman, autor do livro “A linguagem das emoções”, fez uma pesquisa em vários países, com diferentes pessoas e concluiu que algumas expressões corporais são universais. Qualquer pessoa, de qualquer nível social, cultural, de qualquer país vai identificar o significado daquela expressão.   Paul Ekman é o consultor da série “Lie to me”, que está no Netflix.  Se você quer entender um pouco mais de comunicação não verbal, recomendo que assista a série.

Por que é tão importante perceber o que as pessoas estão expressando corporalmente?

Estar atento me permite perceber se elas estão compreendendo o que estou falando, se estão à vontade comigo, com medo, entediadas etc.  Assim, posso mudar minha forma de falar, substituir palavras, postura corporal etc.  Enfim, posso adaptar minha mensagem ao interlocutor para que ele compreenda, aceite minha mensagem e se sinta à vontade comigo.

Por que devo escolher o que expressar ou não corporalmente?

Se sou professor ou gestor e alguém me faz uma pergunta ou comentário bobo e faço uma cara ruim, posso fazer com que essa pessoa se sinta desvalorizada e nunca mais faça uma pergunta a mim ou a outra figura de autoridade. Então, preciso fazer uma expressão facial de encorajamento e valorizar a pergunta ou comentário.  Pode ser que ela esteja precisando de mais informações.  De novo, estamos falando de empatia.

Não vá para um processo seletivo com cara de desanimado, pense nos seus pontos fortes, nos seus sucessos, no que pode contribuir com a empresa e demonstre autoconfiança e tranquilidade.   Levante os ombros, faça uma expressão simpática, cumprimente todos que passarem por você e vá em frente.

Enfim, o assunto é longo, se quiser saber mais sobre o assunto, faça um curso de comunicação com a gente, onde exploramos e praticamos os tipos de comunicação e apresentamos algumas técnicas que aumentam nossa influência sem manipular as pessoas.

Elizabeth Valeriano. Sócia-diretora da Valeriano Educação Corporativa, há 27 anos atuando em indústrias e empresas de serviços, públicas e privadas. Consultora especializada em programas gerenciais como: comunicação interpessoal, feedback gerencial, liderança, líder coach, liderança situacional, gestão de pessoas, gestão de conflitos, gestão do tempo, desenvolvimento de supervisores; e em programas para todos os níveis da organização como: desenvolvimento de equipes, comunicação, relacionamento, inteligência emocional e atendimento a clientes.

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